Valor Econômico
21/03/2013
Um dos maiores grupos privados do segmento, a CPFL tem investido desde 2006
na instalação de transformadores verdes em sua rede de distribuição. Além de
alcançar eficiência operacional cerca de 30% maior do que um aparelho comum, o
equipamento tem vida útil mais longa, permanece por menos tempo em manutenção e
economiza matérias-primas como ferro, cobre, alumínio, madeira, porcelana e
óleo. O transformador verde ainda consome óleo vegetal biodegradável, que não é
inflamável na temperatura de operação de um transformador e se decompõe em 45
dias, diminuindo os impactos ao meio ambiente. A inovação recebeu prêmio Finep
de Inovação 2012, na categoria Inovação Sustentável. "No início, quando
estávamos estudando essa solução, o uso do óleo era seis a sete vezes mais caro
que o tradicional, mas oferecemos a ideia à CPFL, que topou o desafio. Fomos
construindo parceiras para viabilizar a tecnologia", diz José Mak, sócio da
B&M, primeira empresa privada a se dedicar a projetos de P&D para o
setor elétrico e que ajudou na solução usada pela CPFL. Um fornecedor de óleo de
soja abriu uma unidade no interior de São Paulo, enquanto uma fabricante de bens
de capital, a Itaipu Transformadores, aceitou participar da ideia e começou a
produzir lotes sob as novas especificações. Hoje são pouco mais de cinco mil
transformadores já instalados e a expectativa é de que esse número cresça ao
longo dos próximos anos.
O apelo ambiental se une à questão técnica: além de perdas menores, ele
produz menos falhas que o tradicional e não pega fogo por usar óleo vegetal em
vez de combustível. "A troca do óleo mineral pelo vegetal reduz também o risco
de acidentes ambientais", diz o diretor de engenharia da CPFL Energia, Paulo
Ricardo Bombassaro. A ideia é que, a partir desse ano, todos os novos
transformadores adquiridos pela empresa, que tem oito distribuidoras no Brasil,
sejam verdes. "Nossa rede é composta de cerca de 300 mil transformadores, cuja
vida útil é de 20 anos, portanto a mudança completa levará algum tempo, mas a
partir desse ano todos os novos transformadores comprados serão verdes."
Hoje o transformador verde custa entre 5% a 10% mais que o tradicional, mas a
expectativa é de que esse preço caia. "Como temos a decisão de trocar todos os
nossos transformadores, isso deverá criar uma escala que pode reduzir ainda mais
o custo dos equipamentos a partir desse ano", afirma o diretor. A CPFL também
está atenta à energia solar. No fim do ano passado, entrou em operação a
primeira usina solar do Estado de São Paulo, com 1,1 MW de potência instalada,
resultado de um investimento de R$ 13,8 milhões. A intenção é conhecer mais essa
fonte de energia, com grande potencial no Brasil. O projeto foi financiado com
recursos de P&D da Aneel, da Finep e investimento da própria CPFL
Renováveis. "Nosso investimento foi o primeiro a entrar em operação dos
desenvolvidos pela chamada pública da Aneel sobre energia solar e queremos
aprender com ele. A Alemanha tem cerca de 25 GW de energia solar instalada e nós
também estamos estudando como a fonte ingressou lá", destaca.
A empresa também se antecipa à revolução que as redes inteligentes de energia
poderão trazer para os consumidores. Resolução da Aneel publicada em 2012
permite que o consumidor residencial que tiver excedente de geração de energia
de fonte própria, como energia solar, possa acumular créditos para descontar da
conta de luz elétrica a partir de 2013. O tema inclusive já foi tratado pela
presidente da República, Dilma Rousseff, em seu programa "Café com a Presidenta"
ano passado. Desde dezembro, a empresa mantém um site em que fornece informações
para que os consumidores possam entender como funciona a regulação e o que devem
fazer para se tornarem microgeradores. "Recebemos dois pedidos, um de um prédio
residencial em Jundiaí, e um de uma casa em Ribeirão Preto, ambos interessados
em instalar painéis fotovoltaicos e instalar medidores inteligentes para poderem
fazer trocas com a nossa rede", comenta. A empresa ainda está analisando os
projetos dos dois consumidores.
Movida a água
Com uma das matrizes mais limpas do mundo, baseada na hidroeletricidade,
responsável pela geração de 80% da energia elétrica no país, o setor elétrico
tem buscado investir em novas tecnologias para ampliar sua liderança no uso de
fontes limpas. A emissão de gases de efeito estufa do setor elétrico nacional é
cem vezes menor do que a vista na China e nos EUA. Um dos motores dos projetos
na área é a determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de que
as concessionárias invistam 0,5% da sua receita operacional líquida em pesquisa
e desenvolvimento de novas soluções. A B&M, primeira empresa privada a se
dedicar a projetos de P&D para o setor elétrico, está desenvolvendo um óleo
hidráulico para ser usado em usinas térmicas, com menor impacto ambiental, sendo
biodegradável e solúvel em água. "Se ele cair em um efluente, poderá ser
biodegradado em 45 dias, além desse ganho ambiental, ainda tem um custo 20% mais
baixo que o tradicional", diz José Mak, sócio da empresa, que prevê iniciar a
comercialização do óleo em breve. A TermoPernambuco testa o produto. (RR)
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